terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Arte de enganar.


Em Florença houve recentemente a exposição “Inganni Ad Arte”. Trata-se de uma viagem por 140 obras que mostram exemplos fantásticos da pintura trompe l’oeil, que nada mais é do que a arte de enganar o olho humano. A técnica brinca com nosso imaginário utilizando macetes, truques visuais, perspectivas e efeitos ópticos que criam uma ilusão óptica e nos fazem ver “coisas” (objetos, formas, etc.) que na realidade não existem. A expressão francesa “trompe l’oeil” significa algo como “enganar o olho”, e a técnica cria no observador a ilusão de que ele está diante de alguma coisa real, tridimensional, quase possível de ser tocada, quando está somente diante de uma representação bidimensional, plana e imaginária.

A grande intenção do artista é alterar a percepção dos que veem a obra, fazendo que nós, pobres mortais, tenhamos a sensação de enxergar uma falsa realidade. Esse jogo de simulação é o gancho da exposição em Florença, que apresenta telas dos italianos Mantegna, Ticiano e Tintoretto, e do grande pintor espanhol Diego Velázquez.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Um Cão Andaluz


“Um Cão Andaluz” dirigido por Luis Buñuel e roteirizado por ele e, ninguém mais ninguém menos, que Salvador Dali, considerado o pintor mais importante do Surrealismo. Tentar encontrar um sentido para o filme em si certamente é algo inconcebível, pois este não possuí sentido algum. Provavelmente Buñuel e Dalí almejavam criar uma nova linguagem para o Cinema, ou então tentaram transportar o non-sense do movimento Dadaísta e Surrealista à Sétima Arte. Enfim, independentemente de qual foi a intenção de ambos, o curta é, no mínimo, inovador e só isto faz com que ele mereça ser conferido.



Ficha Técnica:
Título Original: Un Chien Andalou.
Gênero: Fantasia.
Tempo de Duração: 16 minutos.
Ano de Lançamento (França): 1929.
Direção: Luis Buñuel.
Roteiro: Salvador Dali e Luis Buñuel.
Produção: Luis Buñuel.
Música: Wagner.
Edição: Luis Buñuel.
Direção de Arte: Pierre Schild.
Fotografia: Albert Duverger e Jimmy Berliet.
Elenco: Simonne Mareuil (esposa) e Pierre Batchef (marido).

Sinopse: Através de um roteiro altamente não-linear, Luis Buñuel e Salvador Dali retratam o relacionamento de um casal contando com uma forte pintada de surrealismo, dadaísmo e, acima de tudo, criatividade.


“O Ministério da Saúde adverte: tentar encontrar um sentido lógico para “Um Cão Andaluz” pode causar distúrbios mentais e levar um indivíduo à loucura”. Este é o tipo de advertência que deveria ser introduzida na abertura da obra-prima de Luis Buñuel. “Um Cão Andaluz” é o tipo de filme em que o espectador, de maneira alguma, pode esperar uma resolução lógica para tudo o que está vendo. Considerado o curta-metragem mais revolucionário e importante da história do Cinema, o filme de Buñuel foi rodado durante o chamado, período “entre-guerras”. Nesta época, a Arte encarava o mundo como sendo algo sem propósito, sem nexo, desfragmentado. Como um país do porte da Alemanha poderia almejar arriscar toda a sua economia investindo em uma guerra megalomaníaca contra, praticamente, todo o resto da Europa? Havia tido início a Primeira Guerra Mundial, daí para frente o mundo e, principalmente, a Arte, jamais seriam os mesmos. Artistas como Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Gustav Klimt, Edward Münch, Juan Miró, Marc Chagall, Jackson Pollock, Marcel Duchamp e Salvador Dali (este último, inclusive, junto com Luis Buñuel assinou o roteiro do curta) simplesmente ignoraram os conceitos de Arte defendidos outrora por Leonardo da Vinci, Jacques Louis David e William Turner, dando preferência a um estilo de pintura tão desconexo quanto o mundo em que viviam, adotando assim, uma Arte mais desfragmentada. Portanto, ao assistir a este curta, é importante que se valorize apenas a originalidade e a criatividade de Buñuel e Dali, a ousadia de ambos ao tentar criar uma nova linguagem cinematográfica e a maneira perfeita como a trilha-sonora de Wagner se mescla com o que é exibido na tela realizando um casamento perfeito entre som e imagem, evitando assim exigir uma explicação lógica para cenas como: um olho sendo cortado por uma navalha, um punhado de formigas saindo das mãos de uma pessoa ou uma mulher sendo atropelada por um carro que surge do nada.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os guias politicamente incorretos.


Vocês já devem ter lido por aí, visto nas listas de mais vendidos e dado de cara com ele em alguma Cultura…O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, do jovem (mesmo, ele tem lá seus 30 anos) jornalista Leandro Narloch.

O livro nasceu para combater o que Narloch chama de “lugares comuns” ensinado nas escolas brasileiras,

Provocador, polêmico, divertido…a leitura do livro é um prazer em si, mas o principal é que ele tenta corrigir o modo de pensar e conhecer nossa história, já não de hoje, tão distorcido e ideologicamente guiado.

Mas gostaria de chamar a atenção para a série publicada nos Estados Unidos pela Perseu Books chamada - Politically Incorrect Guide To… - que faz o mesmo exorcismo ideológico em diversas áreas. Desde a Literatura Inglesa, passando pela História Ocidental e até em temas por si só polêmicos, como o aquecimento global.

Vale a pena arriscar o nosso “senso comum” e ousar lê-los.

Educação

Jovem descobre outro lado da vida, depois de conhecer um homem mais velho


Na Londres dos anos 60, Jenny (Carey Mulligan), de 16 anos, estuda para conseguir uma vaga em Oxford. Em um rigoroso colégio, a jovem se destaca, mas ainda precisa se esforçar muito se quiser entrar na conceituada faculdade, o grande sonho de seu pai (Alfred Molina). Em uma tarde chuvosa, Jenny acaba conhecendo David (Peter Sarsgaard), um homem bem mais velho e com uma visão bem diferente do mundo. Sedutor, ele logo conquista a garota e seus pais, oferecendo a ela mais do que Educação, cultura.


Frequentando concertos, leilões de arte e aproveitando seus dias como nunca antes, a menina logo passa a questionar sua vida anterior. Aprendendo em seu colégio desde latim a como cuidar bem da casa, ela não vê mais sentido naquilo, já que o único motivo para uma mulher entrar em uma boa faculdade, na época, era para conhecer um bom marido. Quando o relacionamento com David fica mais sério, Jenny precisa decidir se quer continuar a viver aquilo ou se mantém seu sonho de estudar em Oxford.

Primeiro trabalho como roteirista do conceituado escritor Nick Hornby, de Alta Fidelidade, o filme Educação é baseado nas memórias da jornalista Lynn Barber e é a primeira produção de fora da Dinamarca da diretora Lone Scherfig, de Italiano Para Principiantes, do Dogma 95. O longa foi indicado ao Oscar em três categorias: melhor filme, roteiro e atriz, para a jovem Carey Mulligan.



INFORMAÇÕES


Diretor: Lone Scherfig

Elenco: Carey Mulligan, Olivia Williams, Alfred Molina

Nome Original: An Education

Ano: 2009

País: ING

Duração: 95 minutos

Site: Oficial

O disco de uma geração.


Com “Sgt. Peppers”, os Beatles promoveram uma renovação espantosa no cenário artístico da época.

Atualmente, a segmentação do campo musical em uma ampla série de gêneros musicais dificulta, cada vez mais, a percepção de ídolos capazes de representar uma ampla parcela do público ouvinte. Contudo, há poucas décadas atrás, parecia ser mais fácil discutir e apontar o surgimento de clássicos que marcariam toda uma geração. Na década de 1960, entre todo o material gravado na época, o álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band” dos Beatles parece ocupar um lugar especial.

Nesse período, a cultura ocidental experimentava uma série de mudanças em grande parte reverenciada por uma parcela de jovens insatisfeitos com o status quo. A liberdade sexual, as provocações inteligentes dos escritores da “beat generation”, o movimento hippie, a pop art e o pacifismo contrário à Guerra do Vietnã se tornavam elementos férteis nas mentes e corações de muitos indivíduos dessa época. Não por acaso, o consagrado álbum dos Beatles tenta dialogar com todas essas tendências.
Sob o aspecto musical, esse álbum pretendia romper barreiras quando teve a ousadia de extrapolar a já consagrada instrumentação que definia o rock’n’roll. Ao invés de se manter na mesma fórmula que popularizou o som da banda, os Beatles se aproximaram aos elementos da música erudita e flertaram com a iniciante música eletrônica. A entrada nesse novo caminho de possibilidades colocava o “Sgt. Peppers” em sintonia com o experimentalismo das drogas e da psicodelia da época.
Além disso, as letras traziam uma possibilidade diferente das narrativas lineares que poderiam atingir facilmente a qualquer ouvinte. Nesse álbum, as mensagens têm um grande poder de comunicação, contudo, requerem um exercício de reflexão um pouco mais elaborado. O próprio nome do disco, que faz referência ao nome de uma banda, buscava criar uma situação ficcional em que os famosos rapazes de Liverpool seriam algo diferente daquilo que todos estavam acostumados a ver e escutar.
Outro ponto que demonstrava a quebra de paradigmas proposta pela banda, foi a criação de uma capa onde o conjunto aparece mesclado a uma série de elementos e personagens famosos naquele período. A pretensão de menor importância era divulgar a imagem do grupo. Inspirados pelos conceitos da pop art e do movimento hippie, a capa é repleta de flores e conta com uma montagem onde aparece a imagem de atores de cinema, guias espirituais do Oriente, psicólogos, lideranças políticas, escritores e músicos.
Sem dúvida, esse álbum não tem a disposição de resumir toda a gama de canções e experiências musicais e grupos dessa época. No entanto, sua capacidade de síntese e experimentação trouxe uma centelha de renovação contrária a um mundo marcado pelos horrores da guerra do Vietnã e outros formalismos que não mais encontravam força entre a nova geração daquela época. “Sgt. Peppers” não veio para mudar o mundo, mas para demonstrar de que forma o mundo parecia estar mudando.
De lá para cá, muita coisa mudou e as questões que preocupam o mundo e a sua juventude também se modificaram. Difícil dizer se a arte, especialmente a música, ainda nos oferecerá uma obra de impacto semelhante. Contudo, toda a energia criativa responsável por um dos mais reconhecidos discos do século XX ainda é reverenciada como exemplo para muitos que buscam abraçar novas realidades por meio da música.

A polêmica história da Biblioteca de Alexandria

Na sexta-feira da lua nova do mês de Moharram, no vigésimo ano da Hégira (isso equivale a 22 de dezembro de 640), o general Amr Ibn al-As, o emir dos agareus, conquistava Alexandria, no Egito, colocando a cidade sob o domínio do califa Omar. Era um dos começos do fim da famosa Biblioteca de Alexandria, construída por Ptolomeu Filadelfo no início do terceiro século a.C. para "reunir os livros de todos os povos da Terra" e destruída mais de mil anos depois.

A idéia de reerguer a mais formidável biblioteca de todos os tempos surgiu no final dos anos 70 na Universidade de Alexandria. Em 1988, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, assentou a pedra fundamental, mas foi só em 1995 que as obras realmente começaram. O suntuoso edifício de 11 andares, que custou US 212 milhões, boa parte dos quais pago pela Unesco, foi concluído no ano passado. Só a sala de leitura da biblioteca principal tem 38.000 m2, a maior do mundo. O acervo, que ainda não foi inteiramente reunido, deverá contar com 5 milhões de livros. Será interessante ver como o governo egípcio, que não é exatamente um entusiasta das liberdades de informação e expressão, administrará as coisas. Haverá, por exemplo, um exemplar dos "Versos Satânicos" (obra de Salman Rushdie, tida como ofensiva ao Islã)? E quanto a livros que critiquem o próprio governo egípcio? Todos os cidadãos terão acesso a todas as obras? Mas não é tanto a nova biblioteca que me interessa, e sim a velha, mais especificamente a sua destruição.
Na verdade, seria mais correto falar em destruições. Como nos mitos, há na extinção da Biblioteca de Alexandria uma série de componentes políticos. A historieta com a qual iniciei esta coluna é uma das versões. É contra os árabes. Existem outras, contra os cristãos, contra os pagãos. Nenhum povo quer ficar com o ônus de ter levado ao desaparecimento da biblioteca que reunia "os livros de todos os povos". É curioso, a esse respeito, que o site oficial da biblioteca (http://www.bibalex.gov.eg) só registre as versões anticristã e antipagã. A contrária aos árabes é descartada sem nem mesmo ser mencionada. Utilizo aqui principalmente informações apresentadas pelo italiano Luciano Canfora, em seu excelente "A Biblioteca Desaparecida".
Voltemos à velha Alexandria. Amr Ibn al-As não era uma besta inculta, como se poderia esperar de um militar. Quatro anos antes da tomada de Alexandria, em 636, ao ocupar a Síria, Amr chamara o patriarca e lhe propusera questões bastante sutis acerca das Escrituras e da suposta natureza divina de Cristo. Chegou a pedir que se verificasse no original hebraico a exatidão da "Septuaginta", a tradução grega do Antigo Testamento, em relação a uma passagem do "Gênesis" que surgira na discussão.
Logo que chegou a Alexandria, Amr passou a frequentar João Filopão, um então já avançado em anos comentador de Aristóteles, cristão, da irmandade dos "filopões". Era também um quase herético, que defendia teses monofisistas, mas essa é outra história.
No curso de uma das longas e eruditas discussões que travavam, Filopão falou a Amr da Biblioteca, contou como ela surgiu, que chegou a reunir quase 1 milhão de manuscritos e pediu a liberação dos livros remanescentes, que, como tudo o mais na cidade, estavam sob poder das tropas do general. O militar afirmou que não poderia dispor dos códices sem antes consultar o califa e prontificou-se a escrever para o soberano.
Algum tempo depois (estou relatando a versão curta da história), o emissário de Omar chegou com a resposta, que não poderia ser mais clara: "Quanto aos livros que mencionaste, eis a resposta; se seu conteúdo está de acordo com o livro de Alá, podemos dispensá-los, visto que, nesse caso, o livro de Alá é mais do que suficiente. Se, pelo contrário, contêm algo que não está de acordo com o livro de Alá, não há nenhuma necessidade de conservá-los. Prossegue e os destrói".
É o que fez Amr. Dizem que ele distribuiu os livros entre todos os banhos públicos de Alexandria, que eram em número de 4.000, para que fossem usados como combustível. Pelos relatos, foram necessários seis meses para queimar todo aquele material. Apenas os trabalhos de Aristóteles teriam sido poupados.
A história é bonita, mas, como toda história, diz apenas parte da História. Em termos mais objetivos, o mais provável é que a Biblioteca tenha sucumbido a vários incêndios, e muitos deles foram apontados por renomados eruditos como os que causaram a destruição da Biblioteca. O iniciado por Amr a pedido do califa Omar teria sido o último dos últimos e também o mais credível, a confiar em Canfora.
Outro incêndio freqüentemente citado é o que teria sido provocado por Júlio César em 48 a.C., quando o general romano decidiu ajudar Cleópatra, que travava então uma espécie de guerra civil com seu irmão Ptolomeu 13, e ateou fogo à esquadra egípcia. O incêndio teria consumido entre 40 mil e 400 mil livros. Uma outra versão diz que o que sobrara da Biblioteca foi destruído em 391 da Era Cristã. Depois que o imperador Teodósio baixou decreto proibindo as religiões pagãs, o bispo de Alexandria Teófilo (385-412 d.C.) determinou a eliminação das seções que haviam sido poupadas por incêndios anteriores, pois as considerava um incentivo ao paganismo.
Na verdade, todas essas versões merecem alguma consideração e não são necessariamente incompatíveis, pois a Biblioteca, ao longo de mais de dez séculos de existência, foi se espalhando por vários edifícios e depósitos da cidade. O fogo em um deles teria poupado os demais, e vice-versa. (O incêndio provocado por César, por exemplo, ocorreu no porto. Só poderia, segundo Canfora, ter destruído livros recém-chegados ou prontos para ser embarcados, pois os edifícios principais da Biblioteca, o Museum e o Serapeum, ficavam longe do porto).

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

As 7 Maravilhas da Antiguidade

As 7 Maravilhas do Mundo Antigo


Philon de Bizâncio foi um importante engenheiro grego da antiguidade. O seu livro De Septem Orbis Miraculis é um dos poucos documentos que trazem a lista original das Sete maravilhas do Mundo Antigo.
No seu livro, são nomeadas como as Sete Maravilhas do Mundo Antigo:

- As Pirâmides de Gizé (no Egipto);

- Os Jardins Suspensos da Babilónia (na antiga Suméria, onde hoje fica o Iraque);




- A Estátua de Zeus (Construída em ouro, marfim e pedras preciosas na Grécia, foi levada para a antiga Constantinopla, hoje Istambul, onde se pensa ter sido destruída por um incêndio);

- O Templo de Ártemis (na actual Turquia);

- O Mausoléu de Halicarnasso (na actual cidade de Bodrum, Turquia);

- O Colosso de Rhodes (estátua de Hélio na entrada marítima da ilha de Rhodes, no mar Mediterrâneo);

- O Farol de Alexandria (Torre de mármore na ilha de Faros, perto do porto de Alexandria, no Egipto).



Estas foram os sete monumentos descritos como as sete maravilhas do Mundo antigo.
Destas, o único monumento que se encontra ainda de pé, são as pirâmides de Gizé, na cidade do Cairo, no Egipto.
web.educom.pt/paulaperna/7maravilhas.htm

Guernica de Pablo Picasso em versão 3D

Artista nova-iorquina, Lena Gieseke, aplica modernas técnicas de infografia digital e renova a mensagem do renomado pintor espanhol

Mais de setenta anos após a sua primeira exibição púbica, em Paris, a obra-prima de Pablo Picasso, Guernica, ganha uma repaginada tecnológica que promete inaugurar um novo olhar sobre a famosa tela pintada a óleo. Lena Gieseke, artista de Nova York, produziu no final de 2009 uma versão em 3D de Guernica e disponibilizou tudo em um vídeo, na internet.

Através de modernas técnicas de infografia digital, o internauta pode praticamente entrar na tela de Picasso, ver de bem perto os vários ângulos dos personagens de Picasso, agonizando em medo e dor. Além das revelações em detalhes da imagem, a experiência de Gieseke é aprofundada com uma trilha sonora caprichada, com a música Nana, com arranjos de Ana Ruth Bermúdez e Rene Izquierdo .

“Guernica” retrata o bombardeio da cidade espanhola de Guernica ocorrido em 26 de abril de 1937 por aviões da Luftwaffe, a lendária força aérea nazista, em apoio ao ditador espanhol Francisco Franco. Na época, residente em Paris, o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos maiores mestres da pintura de todos os tempos, retratou o horror de Guernica em um enorme painel de 350 por 782 cm, pintado a óleo. Na imagem, homens, mulheres e animais retorcidos, representando a dor, a angústia e a deformidade ocasionada pelas bombas que destruíram a cidade espanhola. Ainda em 1937, a tela foi uma das principais atrações da Exposição Internacional de Paris. E desde então, a obra se tornou em todo o mundo um símbolo de repúdio contra a guerra e contra a violência. Hoje, ela se encontra no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

O trabalho de digitalização feito por Gieske revela a força de Guernica em detalhes. Amplifica o seu alerta para as nações que ainda hoje insistem em guerras e outras ações bélicas. Se você deseja ver esse belíssimo trabalho, acesse:

http://www.lena-gieseke.com/guernica/movie.html.

Mas lembre-se sempre do que disse Picasso sobre Guernica: “Não, a pintura não está feita para decorar os cômodos. É um instrumento de guerra ofensivo e defensivo contra o inimigo.”

sábado, 13 de fevereiro de 2010


A Semana de Arte Moderna, denominação do movimento artístico e literário que lançou o Modernismo no Brasil, realizou-se no Teatro Municipal de São Paulo. No saguão do teatro, houve uma exposição de pintura, escultura e arquitetura. A semana constou também de três festivais lítero-musicais e a conferência inaugural coube ao escritor Graça Aranha. As figuras de maior destaque da Semana de Arte Moderna foram Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, entre muitos outros que tinham como vínculo o antiacademicismo. E salve a arte no Brasil e no mundo!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O humor que conquistou os historiadores



As charges são cada vez mais utilizadas como fontes históricas na compreensão do passado.


Um homem de terno aprumado e cigarro nas mãos está sentado ao lado de uma bela mulher esbelta e confortavelmente ajustada em seu curto e justo vestido. Ele pergunta: "O que dirá teu pae quando souber que estás noiva!". A mulher responde com toda a tranqüilidade do mundo: "Ora! fica contentíssimo...elle sempre fica."

Você consegue dizer onde se passa essa cena? Se você arriscou um filme ou um livro que viu recentemente, passou longe. Essa cena se passa em uma charge publicada em 1927 em um jornal português. Talvez muita gente não saiba, mas as charges no início do século XX eram arrojadas (e corajosas!) o suficiente para expressar idéias e imagens tão pouco usuais na época, como o feminismo e a equidade dos gêneros.

Em termos técnicos, charge é um gênero discursivo que combina texto e imagem, geralmente publicada em jornal, constituída por um quadro único e que mobiliza o leitor através do humor, do sarcasmo e da ironia. Mas a charge é também mais do que isso. As charges que vemos nas mais diversas publicações trazem o espírito de um tempo. Possuem múltiplas camadas de sentido: transitam pelo político, pelo cultural e, sobretudo, pelo ideológico. Por isso, são elementos cada vez mais estudados pelos historiadores dos mais variados temas e períodos. A charge é hoje uma importante fonte histórica.

Gilberto Maringoni, chargista do jornal O Estado de S.Paulo, quadrinhista e arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP explica o forte vínculo dialético entre o produtor da informação e o consumidor: "Para se fazer humor é preciso haver cumplicidade com o público. Ninguém ri da piada que você conta se não existe um código prévio entre você e seus ouvintes. Muitas vezes, este código está baseado no mais repugnante dos preconceitos, mas ele - o vínculo - deve existir."

Sabendo da importância da charge para os estudos históricos e do interesse que este simpático tema possui entre os historiadores da cultura, o Historiento separou uma boa sugestão para você que deseja conhecer um pouco no tema. Primeiro, o excelente blog "Humor Antigo", mantido pelo português Carlos Medina Ribeiro. Nele, o internauta pode encontrar centenas de charges publicadas entre os anos de 1922 e 1948 em diversos jornais portugueses.